A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

76 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde da nossa universidade para recebermos orientação, auxílio e espaços para discutir manejos possíveis dentro dos cenários e prontamente os professores que compõem a equipe técnica do PAAS – Programa de Atenção Ampliada à Saúde, serviço-escola da Unisinos, se colocaram dispostos e disponíveis para esse trabalho em rede, feito a muitas mãos. Dentro de um mês que rompeu com a noção do tempo, com dias intermináveis e com semanas que mais pareciam meses, passamos a fazer pausas para realizar supervisões e treinamentos iniciais para a atuação dos profissionais da Psicologia em situações de crise, emergência e desastres, com capacitações práticas de acolhimento e primeiros cuidados psicológicos, no manejo de situações de violências, no trauma e a reação às suas exposições, nos cuidados psicoemocionais focados nas crianças e adolescentes e tantos outros. Encontramos abrigo nesses espaços de troca proporcionados pelos professores da Unisinos, passando a termos maior discernimento sobre a nossa ação ao entendermos sobre a pirâmide do cuidado: a prioridade era manter a segurança, o conforto e a dignidade, pois sem elas não conseguiríamos avançar na capacidade de cuidar da saúde mental (Noal, 2017). A vida coletiva trouxe desafios, preocupações e urgências, na esquina entre o social e o singular. Entre copos da água, busca por uma vestimenta que servisse, escutas em colchões, busca por medicamentos, banhos em recém-nascidos, busca por óculos para aqueles que tiveram os seus levados pela água, fomos nos dando conta, cada vez mais, que cuidar de vidas humanas é ter que lidar com a natureza da incompletude. Mas, com o passar do tempo, foi necessário irmos percebendo o limiar entre a prática em saúde mental e as atribuições do Estado, percebendo nossa insuficiência em remendar uma falta deixada pela lacuna das políticas públicas. “Piscar e ver que não era verdade”: limpando e ampliando as lentes de contato Imersas nesse cenário, nossa escrita estética vem como uma forma de resgatarmos como os pequenos gestos podem atuar como produtores de saúde diante de tal desastre ambiental, político e social. Esses pequenos gestos foram guiando nossos pés, nossas mãos, nossos ouvidos, muito mais que a fala, tentando “dar pé” e nos aproximando com cuidado, sutileza e respeito das pessoas que se encontravam abri-

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