88 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde Mesmo com a história já construída na nossa Roda, surgiram novos desafios de adaptação e vínculo com o novo local de abrigamento. Foi necessário retomar e fortalecer a resistência e a coesão entre as mulheres, relembrando os momentos iniciais da roda e renovando nossos vínculos e trocas. Acompanhamos suas experiências e continuamos a promover a roda, agora em um novo ambiente. Conforme as Referências Técnicas para a atuação de psicólogas(os) na gestão integral de riscos, emergências e desastres (2021), a atuação da psicologia em situações de emergência e desastre deve envolver uma rede de diferentes atores e instituições, com ações que vão além das intervenções pontuais, focando em estratégias de médio e longo prazo no território. Dessa forma, começamos a explorar como o coletivo construído poderia transcender as limitações do abrigo e contribuir para uma rede de apoio mais ampla. A experiência nos trouxe que, ao fortalecer o grupo e integrar suas práticas ao novo contexto, podíamos não apenas enfrentar as dificuldades imediatas, mas também fomentar uma resiliência comunitária, que se estendesse além dos muros do abrigo. A atuação psicossocial passou a se concentrar em criar uma rede de suporte contínuo e em desenvolver estratégias para a inclusão e para o empoderamento das mulheres, promovendo um espaço seguro e colaborativo, que pudesse apoiar a recuperação e a reconstrução em médio e longo prazo. Quando o segundo abrigo foi fechado, nos despedimos com um piquenique no gramado, marcando o fim de uma etapa e o início de novas possibilidades. Durante esse momento, planejamos encontros futuros em diversos locais, como praias e praças da cidade. O desejo de manter viva a dinâmica da roda se manifestou afetivamente entre nós, facilitadoras e participantes, indicando uma vontade coletiva de dar continuidade ao grupo que se formou. Esse impulso para a continuidade e expansão da roda reflete a importância do vínculo e da comunidade que conseguimos construir, mesmo em meio às adversidades sofridas. Posteriormente, enquanto psicóloga e estagiária da Secretaria de Direitos Humanos do município de São Leopoldo, tivemos a oportunidade de participar da criação do Projeto Mulheres na Roda, ação que visou abrir espaços coletivos com mulheres em diferentes territórios da cidade. Essa iniciativa foi diretamente inspirada na experiência da roda de mulheres que começou no abrigo da Unisinos. A proposta
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