A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

89 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde surgiu do desejo de levar adiante os aprendizados e a força comunitária experimentados durante o tempo no abrigo, estendendo esses princípios a novos contextos e fomentando a formação de redes de apoio e de solidariedade no território. A continuidade e a expansão da roda mostram como as experiências vividas em situações de crise podem transformar e inspirar ações significativas e duradouras. Considerações finais O percurso que trilhamos, ao longo da experiência com a Roda de Mulheres no abrigo da Unisinos e, posteriormente, em outros contextos, expressa a complexidade das intervenções psicossociais em situações de calamidade. A escuta e a produção de novas demandas se colocaram como questões cruciais para essa construção conjunta. Desde o início, o abrigo tornou-se um espaço de resistência e reconstrução, onde as mulheres, apesar das adversidades, encontraram força na coletividade e na criação de vínculos significativos. O processo de adaptação ao novo abrigo e a continuidade das atividades da roda exemplificam a importância de práticas psicossociais, que vão além da assistência imediata, buscando promover a resiliência e o empoderamento das pessoas afetadas. O fechamento dos abrigos traz a necessidade do retorno para a casa, mas, simultaneamente, torna-se um momento difícil, no sentido da atualização das perdas e da sensação de abandono. Ao mesmo tempo, o subsequente desejo de manter a roda ativa demonstram o impacto positivo da intervenção coletiva e a importância de espaços onde as experiências e as necessidades das mulheres possam ser compartilhadas e abordadas de maneira contínua. A transformação da roda em um projeto maior, como o “Mulheres na Roda” se torna um testemunho do potencial de projetos psicossociais para se expandirem e se adaptarem a novos contextos, mantendo o foco na construção de redes de apoio e de solidariedade. Esse projeto não apenas leva adiante a filosofia de coletividade iniciada no abrigo, mas também se consolida como uma prática inspiradora, que busca integrar e fortalecer comunidades em diversos territórios da cidade. A experiência evidenciou a necessidade de uma abordagem psicossocial que não se restrinja às respostas pontuais, mas que se comprometa com intervenções de médio e longo prazo, e com a criação de

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