94 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde alguns há mais de trinta. Embora já tivessem vivido outras enchentes, segundo eles, nenhuma havia alcançado tamanho impacto quanto aquela, algo absolutamente sem precedentes. O sentimento de profunda consternação pelo ocorrido era compartilhado por moradores e voluntários. Nesse dia, voluntários de várias cidades do estado, vindo em caravanas, em carros próprios, sozinhos se encontraram para o apoio nas limpezas das casas que restaram em pé. Lideranças comunitárias voluntárias ajudavam a orientar os voluntários e organizar as ações. A situação se agrava em São Leopoldo-RS, 4 de maio de 2024. Inúmeras cidades do Rio Grande do Sul já vinham sendo acometidas por novas enchentes. O Vale do Taquari sucumbiu novamente. Em São Leopoldo, na região metropolitana, a situação vai se agravando. Os leopoldenses ainda tentavam entender o que estava acontecendo, enquanto os resgates seguiam a todo vapor. A água não parava de subir e atingir mais e mais casas, estabelecimentos e deixar mais desabrigados. Novos abrigos precisaram ser abertos para receber os atingidos. Alguns abrigos precisaram ser realocados já que a água foi chegando até eles também. Os atingidos não paravam de chegar. A chuva torrencial trouxe consigo a falta de água potável na cidade. Parecia uma ironia. Em um dos maiores abrigos da cidade, nesse dia mais de 1.300 pessoas foram recebidas e não havia água para um banho. Doações de água potável foram utilizadas para suprir as necessidades básicas de sede. Somente durante na madrugada do dia 05 de maio, caminhões pipas abasteceram o abrigo e levaram água para as torneiras. Mais uma vez, um cenário difícil de descrever. Rapidamente os voluntários se apresentaram para auxílio, mas, nesse momento, havia muita demanda e muita desorganização nas ações. Sem trégua! O mês de maio corria e chuvas não cessavam. Em 13 de maio de 2024, São Leopoldo já contabilizava 180 mil pessoas atingidas. Em torno de 12 mil pessoas se encontravam desabrigadas. (CNN Brasil, 2024). As casas estavam submersas, não era possível mensurar o impacto dos estragos. Foram semanas até a água baixar. O futuro de desabrigados e desalojados se mostrava muito incerto. O apoio aos atingidos estava exigindo muito de todos os envolvidos nesse cuidado, de servidores municipais a voluntários. Não havia nenhuma previsão de quando esse apoio cessaria e de quando as pessoas atingidas restabeleceriam os mínimos básicos para sua sobrevivência.
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