A mudanca como fenomeno no cuidado em saude

96 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde A enchente histórica que acometeu, não somente São Leopoldo, mas, praticamente todo o estado evidenciou um cenário caótico. E, foi em meio a esse cenário, que os voluntários atuaram. Como não ser impactado por essa experiência? Oliveira (2018) discutiu em sua pesquisa, a partir da proposta de Falcone (2012), que para a ação do voluntariado resultar impactos positivos na vida do voluntário é importante que a pessoa não entre em estado de espelhamento, onde há fusão do eu-outro. Se houver essa fusão é possível que o voluntário experimente angústia pessoal e apresente esquiva comportamental. Diferenciar as necessidades próprias da necessidade alheia auxilia na redução de emoções desagradáveis frente ao voluntariado. A ação rápida e o apoio dos voluntários foi, sem sombra de dúvidas, imprescindível para mitigar minimamente os impactos da enchente. Mas, por sua vez, expôs os voluntários a um cenário caótico em meio a desesperança dos atingidos. Nesse cenário, como preservar o voluntário e sua saúde para que possa seguir atuando na situação de emergência? GESTÃO EM TEMPOS DE CRISE Embora tenha havido certo avanço do trabalho dos voluntários nas situações de emergência no Brasil, ainda não existe uma metodologia ou rede estruturada de voluntariado para responder a emergências e desastres humanitários. Tampouco coordenação por parte dos governos locais. Já seria caótico e desafiador o suficiente responder a emergências e desastres de forma organizada e se torna ainda mais difícil e sofrido quando a assistência é desordenada (Villarindo, 2022). Gerir uma crise, em meio a um desastre de grandes proporções, não é tarefa fácil. Entretanto buscar ações minimamente organizadas se torna imprescindível para que os diretamente atingidos no desastre possam ser assistidos de maneira salutar e não agravem ainda mais sua situação já crítica. E se, como foi discutido ao longo deste artigo, os voluntários são tão relevantes nesse contexto, se faz necessário desenvolver ações voltadas aos cuidados desses para que, não sofram prejuízos em sua saúde mental em razão da sua ação de voluntariado. Segundo Marques (2018), em situações de desastre ou emergência, o setor de saúde deve coordenar junto de outros setores das políticas públicas e deve criar mecanismos formais que integrem e mobilizem todos os

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