98 Cadernos do PAAS, volume 11 - A mudança como fenômeno no cuidado em saúde implique no comprometimento da sua saúde e bem-estar ou produza sobrecarga física e emocional. Esse equilíbrio entre a ajuda ao outro e a manutenção da própria saúde é fundamental para garantir a eficácia e a continuidade do trabalho voluntário. Villarindo (2022) reforça que é tão possível quanto necessário preparar as comunidades para que estejam organizadas e aptas a responder de maneira eficaz aos desastres. Compreende-se que essa preparação deve ocorrer de maneira preventiva, tendo em vista que a incidência de desastres no Brasil tem aumentado nos últimos anos. Nesse sentido a Psicologia pode e deve contribuir nessas formações para que, os trabalhadores (voluntários ou não) envolvidos no cuidado aos atingidos possam encontrar apoio e amparo para sua prática nesse contexto. Para além de planos preventivos, a atuação do psicólogo voluntário nas situações de desastre também se mostra importante para auxiliar no apoio direto a atingidos e voluntários. Cabe lembrar que o cenário de desastre é muito distinto do setting terapêutico clínico tradicional. Esse é um dos desafios que o psicólogo inserido no contexto de desastres e emergências enfrentará (CFP, 2019). E, para que sua atuação possa ser mais assertiva, é imprescindível que o profissional considere as especificidades do momento para propor qualquer intervenção. A saúde mental dos indivíduos atingidos, trabalhadores ou voluntários se torna ainda mais singular em situações de emergências e desastres e precisa ser cuidada nessa especificidade dentro desse contexto. O cuidado e suporte a voluntários que estejam atuando no contexto de emergências e desastres é crucial, por inúmeras razões. Esse cuidado corroborará na preservação do seu bem-estar psicológico, já que eles enfrentarão altos níveis de estresse e pressões emocionais durante as crises. Também atuará de maneira preventiva ao desenvolvimento de traumas secundários, uma vez que a exposição contínua a situações traumáticas pode levar ao desenvolvimento dos mesmos. Investir no cuidado e suporte aos voluntários impactará não apenas no cuidado da sua saúde e motivação, mas, também contribuirá no aumento da eficácia e qualidade geral da resposta desse ator às situações de crise. Por fim, destaca-se a importância de ampliar os estudos voltados ao desenvolvimento de ações e estratégias de cuidado aos voluntários que atuam no contexto de desastres e emergências para que, num esforço contínuo, se construam respostas mais eficientes para se tratar das situações de crise.
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